Enquanto na mulher a ingestão diária de 20 gramas de
álcool pode criar graves problemas hepáticos, no homem é necessário que a
ingestão seja bastante maior.
Não é preciso recorrer a definições sobre o alcoolismo para falar sobre o tema que queremos abordar. Um consumo excessivo e frequente de álcool afecta de forma directa o cérebro pelo seu efeito químico sobre o sistema nervoso central.
Por outras palavras, quando há um consumo crónico de álcool, o cérebro é atacado em várias frentes: a intoxicação directa, a abstinência depois da intoxicação, os possíveis acidentes vasculares, a possível embriaguez e a alimentação insuficiente que acompanha a ingestão excessiva de álcool.
O que foi demonstrado -de acordo com o British Medical Journal -através de estudos radiológicos, é a redução do volume do cérebro em muitos alcoólicos crónicos. Este efeito é parcialmente reversível com a abstinência, apesar dessa reversão só se verificar a nível do volume e não da função cerebral. Ou seja, é possível recuperar o tamanho mas não inverter os danos cerebrais sofridos.
O que o álcool parece fazer, segundo as imagens obtidas, é um aumento dos ventrículos e dos sulcos cerebrais. Por outras palavras, aumentam os espaços vazios e diminui a massa. Essas alterações podem solucionar-se com a abstinência, mas o restabelecimento é muito lento.
Causas
As causas não são claras. Para uns, parece que há uma queda da água durante a etapa alcoólica e que quando se produz uma abstinência prolongada regressa a hidratação. Contudo, outros cientistas apoiam tese diferentes: na época de maior consumo é quando o cérebro é mais hidratado.
Num dos últimos estudos realizados foi possível medir o espaço intracraneal não ocupado pelo cérebro em 26 pessoas alcoólicas e compará-los com 44 casos de controlo. E, sem dúvida, que o espaço era muito maior entre os alcoólicos e mais ainda entre aqueles que também tinham problemas a nível do fígado (ou seja, os mais crónicos e os mais afectados).
Essa atrofia cerebral teria como reflexo uma disfunção a nível da inteligência, problemas oculares e dificuldades na marcha. Uma boa parte apresentava falhas na memória recente (o síndroma de Korsakov).
É curioso destacar que não há uma relação directa entre os danos hepáticos resultantes do álcool e a atrofia cerebral. É verdade que a redução era muito maior entre os alcoólicos que tinham, além disso, danos a nível do fígado. Contudo não é possível constatar que a função cerebral estivesses mais ou menos alterada segundo a afecção do fígado. Não obstante, há casos em que a cirrose alcoólica está directamente relacionada com um dano cerebral sério.
A conclusão que os especialistas retiraram de tudo isto é que podem ser múltiplos os factores que provocam danos cerebrais nos alcoólicos. Além disso sabe-se, igualmente, que os danos se devem, também, a uma deficiência nutricional e a carência de vitamina B.
Curiosidades • Durante exercícios de memória realizados entre alcoólicos, comparados com abstémicos, comprovou-se que os bebedores modificavam umas determinadas ondas cerebrais.
• Há estudos que mostram que o álcool pode secar materialmente os neurónios.
• O primeiro efeito do entumecimento cerebral causado pelo álcool pode ser comprovado pela euforia que alguns copos bebidos provoca.
• As funções cerebrais superiores são as que primeiro são bloqueadas pelo álcool. Por isso, quanto mais álcool se ingere, menos humanizada fica a pessoa, ficando pelo contrário mais primária.
• Um escritor grego -Eubulo- dizia: "Um copo pela saúde, o segundo pelo disfrute e o terceiro pelo sonho. O quarto já não é nosso: é para a violência; o quinto pelo escândalo e o sexto pela orgia escandalosa."
• Há que aprofundar mais em termos de uma possível atrofia cerebral provocada pelo álcool. As consequências podem ser, com o consumo de bebidas alcoólicas, muito importante.
• Não se conhecem prazos, nem que quantidade atrofia, nem em quanto tempo nem como se restabelece, uma vez deteriorado.
• Como os estudos e observações físicas foram realizados com cadáveres, ignora-se como pode ser medida atrofia cerebral em vida.
• A atrofia cerebral tem uma definição muito difícil e todos os graus possíveis são uma percepção subjectiva de quem faz as provas. Contudo, há sintomas inequívocos, como a dificuldade de linguagem, movimentos desordenados e, sem dúvida, falhas e lacunas na memória.
O álcool atinge mais a mulher
Calcula-se que cerca de 40% das mulheres bebe e 25% fuma. O hábito de beber é mais frequente entre quem tem um alto nível educativo, maiores possibilidades económicas ou trabalham fora de casa. Até há alguns anos, a mulher alcoólica era a dona de casa que ficava em casa todo o dia. Dona de casa e com filhos, que também estão fora, e que consome para lutar contra a depressão daquilo que a rodeia.
Actualmente, o perfil é o de uma mulher de 18 a 25 anos, e que bebe ou começa a beber pelas suas relações sociais ou profissionais. O problema a destacar é que a mulher é muito mais susceptível aos efeitos nocivos do álcool. Tomando a mesma quantidade, o álcool prejudica mais a mulher do que o homem e a sua toxidade mostra-se não só no fígado como igualmente nos outros órgãos.
A mulher que bebe, por exemplo, tem um problema hepático mais grave do que o homem. A hepatite alcoólica também é mais frequente ainda que bebendo menos quantidade e durante um tempo mais curto que o homem. A conclusão mais importante a que os especialistas chegaram é que, com igual dose de álcool, corrigida na proporção do peso, a mulher faz uma alcoolémia mais alta do que o homem, apesar da eliminação ser igual ou mesmo maior. (Recordemos que a alcoolémia é a quantidade de álcool no sangue).
Parece que uma dose de álcool (cerca de 0,3 por quilo) não passa para o sangue nem se retém no estômago, mas que é metabolizada pelo próprio estômago, naquilo que os especialistas denominam um metabolismo de primeiro passo. Essa metabolização poderá ser mais rápida na mulher.
Por outro lado, é possível que o organismo feminino não tenha a mesma concentração da enzima responsável pela degradação do álcool. Por isso, se uma mulher beber as mesmas quantidades de álcool que um homem, o seu sangue absorverá entre 30% e 50% mais.
É igualmente sabido que a actividade também é inferior entre as mulheres grávidas e as pessoas de raça negra. Enquanto na mulher a ingestão diária de 20 gramas de álcool pode criar graves problemas hepáticos, para que estes apareçam no homem é necessário que a ingestão seja sensivelmente maior. Por outro lado, sabe-se que o coração da mulher é mais vulnerável do que o do homem ante os efeitos nocivos do álcool. Elas necessitam de 60% menos de álcool para sofrer a mesma cardiopatia.
A Drª Mary Dufour, do Instituto Norte-Americano de Alcoolismo e a Drª Emmanuel Rubín, da Universidade Thomas Jefferson (Estados Unidos) estudaram 50 mulheres e 100 homens alcoólicos que não padeciam anteriormente de qualquer tipo de doença cardiovascular. Depois de medir a quantidade de sangue que bombeavam os seus corações, descobriram uma cardiopatia num terço deles - tanto nos homens como nas mulheres. Contudo, as mulheres sofreram os sintomas depois de terem consumido, em média, ao longo das suas vidas 60% menos álcool do que os homens. As batidas cardíacas das mulheres alcoolizadas são igualmente mais fracas do que os homens na mesma situação.
Não se esqueça que • O efeito do álcool é diferente segundo o sexo, sendo mais patente nos bebedores jovens.
• As mulheres que bebem quatro copos por dia podem vir a sofrer uma cardiopatia em somente 10 anos.
• Sem se saber muito bem porquê, também o tabaco afecta mais a mulher, no sentido em que cria uma maior dependência. É muito mais difícil a mulher deixar de fumar do que o homem.
• O álcool também tem um diferente efeito metabólico na mulher, sobretudo no metabolismo das gorduras, que é mais rápido nestas do que nos homens. Uma mulher que bebe verá aumentar o seu nível de triglicerídeos.
Pela sua menor capacidade metabólica, a mulher tem um processo de alcoolização mais rápido do que o do homem.
Não é preciso recorrer a definições sobre o alcoolismo para falar sobre o tema que queremos abordar. Um consumo excessivo e frequente de álcool afecta de forma directa o cérebro pelo seu efeito químico sobre o sistema nervoso central.
Por outras palavras, quando há um consumo crónico de álcool, o cérebro é atacado em várias frentes: a intoxicação directa, a abstinência depois da intoxicação, os possíveis acidentes vasculares, a possível embriaguez e a alimentação insuficiente que acompanha a ingestão excessiva de álcool.
O que foi demonstrado -de acordo com o British Medical Journal -através de estudos radiológicos, é a redução do volume do cérebro em muitos alcoólicos crónicos. Este efeito é parcialmente reversível com a abstinência, apesar dessa reversão só se verificar a nível do volume e não da função cerebral. Ou seja, é possível recuperar o tamanho mas não inverter os danos cerebrais sofridos.
O que o álcool parece fazer, segundo as imagens obtidas, é um aumento dos ventrículos e dos sulcos cerebrais. Por outras palavras, aumentam os espaços vazios e diminui a massa. Essas alterações podem solucionar-se com a abstinência, mas o restabelecimento é muito lento.
Causas
As causas não são claras. Para uns, parece que há uma queda da água durante a etapa alcoólica e que quando se produz uma abstinência prolongada regressa a hidratação. Contudo, outros cientistas apoiam tese diferentes: na época de maior consumo é quando o cérebro é mais hidratado.
Num dos últimos estudos realizados foi possível medir o espaço intracraneal não ocupado pelo cérebro em 26 pessoas alcoólicas e compará-los com 44 casos de controlo. E, sem dúvida, que o espaço era muito maior entre os alcoólicos e mais ainda entre aqueles que também tinham problemas a nível do fígado (ou seja, os mais crónicos e os mais afectados).
Essa atrofia cerebral teria como reflexo uma disfunção a nível da inteligência, problemas oculares e dificuldades na marcha. Uma boa parte apresentava falhas na memória recente (o síndroma de Korsakov).
É curioso destacar que não há uma relação directa entre os danos hepáticos resultantes do álcool e a atrofia cerebral. É verdade que a redução era muito maior entre os alcoólicos que tinham, além disso, danos a nível do fígado. Contudo não é possível constatar que a função cerebral estivesses mais ou menos alterada segundo a afecção do fígado. Não obstante, há casos em que a cirrose alcoólica está directamente relacionada com um dano cerebral sério.
A conclusão que os especialistas retiraram de tudo isto é que podem ser múltiplos os factores que provocam danos cerebrais nos alcoólicos. Além disso sabe-se, igualmente, que os danos se devem, também, a uma deficiência nutricional e a carência de vitamina B.
Curiosidades • Durante exercícios de memória realizados entre alcoólicos, comparados com abstémicos, comprovou-se que os bebedores modificavam umas determinadas ondas cerebrais.
• Há estudos que mostram que o álcool pode secar materialmente os neurónios.
• O primeiro efeito do entumecimento cerebral causado pelo álcool pode ser comprovado pela euforia que alguns copos bebidos provoca.
• As funções cerebrais superiores são as que primeiro são bloqueadas pelo álcool. Por isso, quanto mais álcool se ingere, menos humanizada fica a pessoa, ficando pelo contrário mais primária.
• Um escritor grego -Eubulo- dizia: "Um copo pela saúde, o segundo pelo disfrute e o terceiro pelo sonho. O quarto já não é nosso: é para a violência; o quinto pelo escândalo e o sexto pela orgia escandalosa."
• Há que aprofundar mais em termos de uma possível atrofia cerebral provocada pelo álcool. As consequências podem ser, com o consumo de bebidas alcoólicas, muito importante.
• Não se conhecem prazos, nem que quantidade atrofia, nem em quanto tempo nem como se restabelece, uma vez deteriorado.
• Como os estudos e observações físicas foram realizados com cadáveres, ignora-se como pode ser medida atrofia cerebral em vida.
• A atrofia cerebral tem uma definição muito difícil e todos os graus possíveis são uma percepção subjectiva de quem faz as provas. Contudo, há sintomas inequívocos, como a dificuldade de linguagem, movimentos desordenados e, sem dúvida, falhas e lacunas na memória.
O álcool atinge mais a mulher
Calcula-se que cerca de 40% das mulheres bebe e 25% fuma. O hábito de beber é mais frequente entre quem tem um alto nível educativo, maiores possibilidades económicas ou trabalham fora de casa. Até há alguns anos, a mulher alcoólica era a dona de casa que ficava em casa todo o dia. Dona de casa e com filhos, que também estão fora, e que consome para lutar contra a depressão daquilo que a rodeia.
Actualmente, o perfil é o de uma mulher de 18 a 25 anos, e que bebe ou começa a beber pelas suas relações sociais ou profissionais. O problema a destacar é que a mulher é muito mais susceptível aos efeitos nocivos do álcool. Tomando a mesma quantidade, o álcool prejudica mais a mulher do que o homem e a sua toxidade mostra-se não só no fígado como igualmente nos outros órgãos.
A mulher que bebe, por exemplo, tem um problema hepático mais grave do que o homem. A hepatite alcoólica também é mais frequente ainda que bebendo menos quantidade e durante um tempo mais curto que o homem. A conclusão mais importante a que os especialistas chegaram é que, com igual dose de álcool, corrigida na proporção do peso, a mulher faz uma alcoolémia mais alta do que o homem, apesar da eliminação ser igual ou mesmo maior. (Recordemos que a alcoolémia é a quantidade de álcool no sangue).
Parece que uma dose de álcool (cerca de 0,3 por quilo) não passa para o sangue nem se retém no estômago, mas que é metabolizada pelo próprio estômago, naquilo que os especialistas denominam um metabolismo de primeiro passo. Essa metabolização poderá ser mais rápida na mulher.
Por outro lado, é possível que o organismo feminino não tenha a mesma concentração da enzima responsável pela degradação do álcool. Por isso, se uma mulher beber as mesmas quantidades de álcool que um homem, o seu sangue absorverá entre 30% e 50% mais.
É igualmente sabido que a actividade também é inferior entre as mulheres grávidas e as pessoas de raça negra. Enquanto na mulher a ingestão diária de 20 gramas de álcool pode criar graves problemas hepáticos, para que estes apareçam no homem é necessário que a ingestão seja sensivelmente maior. Por outro lado, sabe-se que o coração da mulher é mais vulnerável do que o do homem ante os efeitos nocivos do álcool. Elas necessitam de 60% menos de álcool para sofrer a mesma cardiopatia.
A Drª Mary Dufour, do Instituto Norte-Americano de Alcoolismo e a Drª Emmanuel Rubín, da Universidade Thomas Jefferson (Estados Unidos) estudaram 50 mulheres e 100 homens alcoólicos que não padeciam anteriormente de qualquer tipo de doença cardiovascular. Depois de medir a quantidade de sangue que bombeavam os seus corações, descobriram uma cardiopatia num terço deles - tanto nos homens como nas mulheres. Contudo, as mulheres sofreram os sintomas depois de terem consumido, em média, ao longo das suas vidas 60% menos álcool do que os homens. As batidas cardíacas das mulheres alcoolizadas são igualmente mais fracas do que os homens na mesma situação.
Não se esqueça que • O efeito do álcool é diferente segundo o sexo, sendo mais patente nos bebedores jovens.
• As mulheres que bebem quatro copos por dia podem vir a sofrer uma cardiopatia em somente 10 anos.
• Sem se saber muito bem porquê, também o tabaco afecta mais a mulher, no sentido em que cria uma maior dependência. É muito mais difícil a mulher deixar de fumar do que o homem.
• O álcool também tem um diferente efeito metabólico na mulher, sobretudo no metabolismo das gorduras, que é mais rápido nestas do que nos homens. Uma mulher que bebe verá aumentar o seu nível de triglicerídeos.
Pela sua menor capacidade metabólica, a mulher tem um processo de alcoolização mais rápido do que o do homem.