Quem se
lembra do filme “Noiva em fuga”, em que a atriz Julia Roberts interpreta
Maggie, uma mulher jovem que foge do casamento na hora do altar? Embora seja
uma ficção, o medo do casamento é algo real e tem até nome: gamofobia, do grego
(gamo=casamento e phobos=medo).Para Denise Miranda de Figueiredo, especialista em terapia de casal e
cofundadora do Instituto do Casal, é preciso saber diferenciar o medo do
compromisso e o medo do casamento, porque nem sempre são a mesma coisa.
“Algumas pessoas têm medo de se casar, mas podem se comprometer por longos anos
com um (uma) parceiro (a), sem chegar a dividir o mesmo teto ou a ter filhos,
por exemplo. A gamofobia é diferente, porque na maioria dos
casos, a pessoa tem o medo especifico do casamento”, explica Denise.
Embora haja pouca produção científica sobre a gamofobia, os
sintomas são parecidos com os de outras fobias, como medo excessivo,
irracional, permanente e incontrolável do casamento.
“Esse medo gera sintomas físicos, como tremores, sudorese
excessiva, enjoo, falta de ar, tontura, aumento da frequência cardíaca, típicos
de uma crise de ansiedade. Entre os sintomas psicológicos, podemos citar o
sentimento de pavor ao pensar no casamento, evitação de situações que lembrem
casamento ou de pessoas que queiram falar sobre o assunto, ansiedade incontrolável,
pensamentos distorcidos e negativos sobre o casamento e sensação de perda do
controle”, diz Denise.
De onde vem esse medo?
De acordo
com Marina Simas de Lima, especialista em terapia de casal e
cofundadora do Instituto do Casal, o medo patológico do casamento, ou
como é chamado gamafobia, geralmente está ligado às experiências vividas e à
construção de crenças negativas que acabam sustentando e ampliando esse medo.
“A gamofobia pode estar relacionada com o medo de perder a
autonomia, a liberdade, sua individualidade, dificultando ou muitas vezes
impossibilitando viver um relacionamento. Salvador Minuchin, um grande
especialista em terapia de casal e família, já dizia na década de 80 que para a
formação de um casal é necessário que as pessoas abram mão de partes de sua
individualidade para experimentarem o pertencimento”, explica Marina.
Para as psicólogas, nem todo mundo que permanece solteiro o faz
por medo do compromisso, por isso não é possível generalizar. Por outro lado,
apesar de parecer que hoje em dia as pessoas não querem se casar, dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam mais de 5% de
aumento por ano nos casamentos.
Para os casos que envolvem experiências traumáticas e crenças negativas, é preciso investir em psicoterapia. Hoje, há muitas linhas de terapia que conseguem atuar no sistema de crenças para reprogramá-las. Se a pessoa já tem um compromisso de longa data, mas tem medo de se casar, a terapia de casal pode contribuir para elucidar as causas do medo e ajudar o casal a fazer uma escolha.
“O medo é um sentimento de proteção da
vida. Por outro lado, o casamento oferece a celebração da vida e sua
continuidade. Assim, o autoconhecimento e o entendimento de onde vem o medo
tornam-se fundamentais para superá-lo e para viver uma vida amorosa mais
equilibrada e feliz”, concluem Denise e Marina.
Fonte: http://www.jornaldomonotrilho.com.br/medo-de-se-casar-pode-ser-patologico-afirma-terapeuta-de-casais/
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