
A Distimia é um tipo de depressão que faz parte do
grupo dos Transtornos do Humor. Ela é diferente dos outros tipos de depressão
porque seus sintomas são mais leves, mas têm longa duração e, por isso, é
difícil que a pessoa se perceba deprimida, fazendo com que ela conviva com essa
depressão por longos anos. Na Distimia a característica mais marcante é a
irritabilidade e o mau humor e estes se confundem com muita facilidade como
sendo características pessoais do indivíduo. Alguns distímicos sentem-se assim
a vida toda chegando a achar que eles são assim mesmo, sem considerar o quadro
como um estado patológico. A característica básica deste transtorno é o fato do
indivíduo apresentar o humor deprimido durante grande parte do dia, na maior
parte dos dias. Os sintomas devem durar pelo menos dois anos para justificar o
diagnóstico de Distimia, porém as pessoas podem ter curtos períodos de humor
normal.
No Brasil, existem 5 a 11 milhões de pessoas que
sofrem desse mal. Eles são 3 a 6% da população mundial e de cada 100 pacientes
atendidos nos postos de saúde, 7 provavelmente têm Distimia. Estas
pessoas podem apresentar altas taxas de
absenteísmo (faltas no trabalho), por exemplo. Essas taxas são quase tão altas
quanto às faltas devidas às cardiopatias crônicas e estão entre as primeiras
causas de absenteísmo no mundo.
Na Distimia, os sintomas depressivos incomodam o paciente, mas não o impede de exercer suas atividades, apenas faz com que ele tenha que despender um esforço maior que as outras pessoas para realizá-las. Geralmente são sempre queixosas e pra baixo e nada parece ser bom o suficiente para elas, quase não conseguem sentir prazer nas coisas que normalmente as interessava, e por isto têm pouquíssimos interesses. Muitas vezes têm dificuldades com o sono
Para preencher o diagnóstico de Distimia os pacientes, além do sentimento de tristeza prolongado, precisam apresentar dois dos seguintes sintomas:
- Oscilações do humor (irritado ou deprimido);
- Dificuldade em aproveitar o lado bom da vida;
- Dificuldade de concentrar-se ou tomar decisões;
- Insônia ou sonolência: acordar várias vezes à noite e sentir-se cansado pela manhã;
- Dificuldade de concentração e de memória, mesmo para atividades lúdicas (ex: assistir um filme);
- Somatizações (ex.: dores de cabeça, fadiga crônica);
- Desesperança;
- Aumento ou diminuição do apetite;
- Sentimentos de incapacidade e menos valia;
- Em crianças: irritabilidade e manhas;
- Em adolescentes: isolamento, rebeldia, abuso de drogas e irritabilidade.
É muito comum no relato do distímico a queixa de
que faz as coisas com dificuldade como se estivesse pesado, lento, sem prazer,
fazendo o mínimo ou só o essencial a cada dia e mesmo assim, muitos não
procuram ajuda. Quando procuram, raramente procuram um psiquiatra. Na
maioria das vezes ele vai a um clínico com queixas como falta de apetite,
insônia ou cansaço. O clínico, pouco treinado no diagnóstico de
transtornos mentais, não reconhece a depressão e investiga as queixas
físicas, com as quais tem mais familiaridade. Para o tratamento destas, muitas
vezes vão prescrever vitaminas, indutores do sono, tentando tratar cada queixa
isoladamente.
A maioria dos distímicos não consegue dizer quando
se percebeu deprimido pela primeira vez, isso quando reconhecem seu estado como
um problema. E os que sofrem de Distimia desde a infância ou adolescência
tendem a acreditar que esse estado faz parte do seu jeito de ser e por isso não
procuram um médico, afinal, conseguem viver quase normalmente. Porém, isso
afeta diretamente sua vida familiar, social e até profissional ou outras formas
graves de disfunção social.
Os distímicos são muito exigentes consigo próprios
e com os outros e não aceitam limitações pessoais ou alheias. Qualquer situação
os deixa estressados e são verdadeiramente capazes de produzir estresse em quem
os cerca, criando um clima generalizado de insatisfação, constrangimento e até
mágoa com as pessoas mais próximas e com as quais convive.
Além das consequências negativas nas relações interpessoais,
há o sofrimento individual, pois são comuns o sentimento de inadequação e
desconforto, a generalizada perda de prazer e o isolamento social manifestado
por querer ficar só em casa, sem receber visitas ou atender ao telefone. A
irritabilidade com tudo e impaciência são sintomas frequentes e incomodam ao
próprio paciente gerando, por vezes, sentimentos de culpa e remorso pela falta
de autocontrole em suas reações.
A vida profissional pode ser prejudicada pelos
desentendimentos com os colegas. Por terem autoestima rebaixada e muita
autocrítica, não conseguem confraternizar e usam qualquer pretexto para evitar
situações de contato social. Como consequência, o distímico reage negativamente
no trabalho, nas atividades sociais e afetivas, o que mantém a solidão e o
pessimismo. Por isso, atualmente muitos especialistas consideram a Distimia
como uma perturbação psiquiátrica grave, já que, se não tratada, representa à
sociedade custos elevados em termos de sofrimento individual, baixa
produtividade e tempo perdido no trabalho.
Existe outro problema importante que pode ser
provocado pela Distimia, o uso abusivo do álcool/drogas ou o comer compulsivo,
por exemplo. Comportamentos disfuncionais utilizados como recurso para aliviar
seu sofrimento sendo, portanto, uma forma autodestrutiva. Muitos são tratados
como alcoólatras, drogados ou obesos, sem levar em conta a depressão de base
que os levou a essas doenças.
Não é possível afirmar com segurança as causas da
doença, mas devem ser consideradas a história familiar e questões ambientais e
familiares como: relações familiares insatisfatórias na infância, pais
agressivos, famílias com maior incidência de distúrbios de personalidade, abuso
de álcool e drogas, etc. Geralmente há uma associação de fatores que levam, não
só às formas mais ou menos prolongadas ou intensas da Distimia, como quanto à
característica própria de expressão da doença em cada indivíduo.
O tratamento da Distimia envolve tratamento
medicamentoso e psicoterapia que demonstram bons resultados. Entretanto,
isoladamente, um e outro não funcionam. Embora os antidepressivos corrijam o
distúrbio biológico, o paciente precisa aprender novas possibilidades de reagir
e estabelecer relações interpessoais mais saudáveis. Porém, a maior dificuldade
está em fazer o paciente reconhecer e aceitar que é mal humorado e submeter-se
a tratamento. O tratamento não servirá apenas ao próprio paciente, mas,
sobretudo, às demais pessoas que convivem com ele.
O problema prático mais importante da Distimia é em
relação à possibilidade da pessoa ter ou não uma visão crítica sobre sua
situação de mal humorado. Além disso, é fundamental que o distímico esteja ou
não satisfeito com sua maneira de ser e a forma como conduz a sua vida.
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