segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

A SOLIDÃO COMO REMÉDIO SÃO TEMPOS MODERNOS.



Há mais de uma década, a professora de inglês Carolina Ferrari, 45, optou por viver sozinha (assista à entrevista acima). Prestes a completar 30 anos, ela, que é a filha caçula, ainda vivia na casa dos pais. "Casar, ter filhos, formar uma família clássica, nunca estiveram nos meus planos, mas imagino que meus pais esperavam que eu só fosse embora casada. Foi uma frustração para eles.
Com o passar do tempo, porém, Carolina percebeu que o relacionamento com a família melhorou. "Se antes eu vivia no meu quarto e mal encontrava meus pais, depois que saí de casa passei a visitá-los periodicamente, a organizar viagens e passeios juntos", diz ela, que vive com Luigi, seu cachorro, e nos momentos difíceis não hesita em procurar os amigos - sem precisar pagar por isso.
Por reconhecer o lado positivo da vida sozinho, Leandro Karnal faz uma ponderação em seu livro: "Precisamos fazer uma distinção possível, ainda que não aceita por todos, entre solidão e solitude. A primeira pode ser considerada negativa, independendo, inclusive, de estar isolado, apartado da sociedade, pois podemos nos sentir solitários na multidão. A solitude, por outro lado, tem caráter positivo, enseja ao ser a possibilidade de escuta de seu 'eu' e é condição imprescindível para qualquer forma de expressão estética”.
São inúmeros os casos de escritores, artistas plásticos e músicos que precisam de reclusão para produzir. Uma das obras mais famosas da escritora inglesa Virginia Woolf, "Um teto só seu", trata da dificuldade que as mulheres de seu tempo, o início do século 20, enfrentavam para escrever. Entre outros problemas, elas não tinham a oportunidade de ficar sós. "Em primeiro lugar, ter um espaço próprio, que dirá um espaço silencioso ou à prova de som, estava fora de questão", escreveu. Treinada em redações barulhentas, a repórter que assina este TAB é capaz de escrever no meio da multidão. Ainda assim, só consegue pensar no que e em como será escrito realizando atividades solitárias.
Ao contrário da solidão patológica, a busca pela solitude pode ser um indício de saúde emocional. "Apenas procura ficar sozinho quem está emocionalmente equilibrado para encarar a si mesmo sem ninguém por perto", diz Colognese. Esses momentos de introspecção, no entanto, têm um limite saudável também. "Quem tem alguém por perto com frequência alimenta-se, dorme, cuida-se melhor.

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